domingo, 3 de maio de 2009

"HISTÓRICO SOBRE HIPNOSE E REGRESSÃO"

HISTÓRICO
Nos achados da Antiguidade encontram-se textos com mais de 4.500 anosque nos relatam como os sacerdotes da Mesopotâmia usavam o Transe - umestado diferenciado da consciência usual - para realizar diagnósticosque procuravam a curas Podemos considerar esses registos como sendo osmais antigos documentos a citarem o transe na sua função terapêutica,um hábito comum às diversas culturas naturalistas.No século XIX, ao pesquisar esse procedimento, o Dr. James Braiddenominaria esta ciência com o nome de HIPNOSE. O nome escolhido advêmde Hypnos - deus grego do sono - e foi escolhido pelo Dr. Braid devidoà semelhança do estado de transe com o estado de sonolência. Vemosassim, que desde o seu surgimento, a Hipnose sempre esteve vinculada àbusca da cura e é neste sentido que a ciência médica actual pesquisanão só a extensão que se pode obter com o seu emprego, como também asrespostas de como e porquê o cérebro processa o estado hipnótico.Freud teve o seu primeiro contacto com a hipnose quando era estudante,quando assistiu a uma apresentação de Hansen "o magnetizador", atravésda qual se assegurou da credibilidade dos eventos hipnóticos. Porvolta dos vinte anos soube que um prestigiado médico em Viena, odoutor Joseph Breuer (seu futuro colaborador), também utilizava, emalguns casos, a hipnose com fins terapêuticos. Naquela época, a maiorparte da comunidade médica e da população não via a hipnose como umatécnica médica séria e acreditava que ela podia trazer males aos quese submetessem a esse método.Um dos maiores cientistas que trabalhou com a hipnose foi o francêsJean-Martin Charcot (1825-1893), que orientou Freud entre Outubro de1885 e Fevereiro de 1886 em Paris (hospital Salpêtrière) e queassociava a hipnose a um fenómeno fisiológico. Outro grande nome foi ode Bernheim, que reduzia a hipnose a um fenómeno gerado pela sugestão.Em carta a Fliess de 28 de Dezembro de 1887 Freud comenta ter passadoa fazer uso do tratamento hipnótico em sua clínica com êxitosuperiores aos demais métodos que aplicava (hidroterapia,electroterapia, massagens, repouso e alimentação abundante - método deMitchell). Freud salienta no seu Estudo Autobiográfico que "desde oprincípio, usei a hipnose de uma outra maneira, diferente da sugestãohipnótica", referindo-se ao método catártico utilizado por Breuer. Éinteressante lembrar que em 1893 Freud publicou um artigo intituladoUm caso de cura pelo Hipnotismo, no qual narra a cura de uma pacientehistérica em apenas três secções, pelo método da sugestão, método queconsistia em retirar os sintomas dando "sugestões" que eliminavam ossintomas, como por exemplo, quando um paciente não conseguia mover obraço (que não tinha nenhum dano orgânico); nestes casos, durante ahipnose era-lhe dito que apósdespertar do sono hipnótico (ou no dia seguinte) o seu braço voltariaa funcionar normalmente.Freud descreveu o procedimento hipnótico desta forma "Colocamos opaciente numa cadeira confortável, pedimos que se mantenhacuidadosamente atento e que não fale mais, pois falar lhe impediria oadormecer. Remove-se-lhe qualquer roupa apertada e pede-se a quaisqueroutras pessoas presentes que semantenham numa parte da sala onde não possam ser vistas pelo paciente.Escurece-se a sala, mantém-se o silêncio. Após esses preparativos,sentamo-nos em frente ao paciente e pedimos-lhe que fixe os olhos emdois dedos da mão direita do médico e, ao mesmo tempo, observeatentamente as sensações que passará a sentir. Depois de curto espaçode tempo, um minuto, talvez, começamos a persuadir o paciente a sentiras sensações do adormecer. Por exemplo: "Estou reparando que as coisasestão indo rápido no seu caso: seu rosto assumiu um aspecto fixo, suarespiração ficou mais profunda, você ficou muito tranquilo, suaspálpebras estão pesadas, seus olhos estão piscando, você não pode maisver com muita clareza, logo terá de engolir, depois vai fechar osolhos - e você está dormindo". Com essas palavras e outrassemelhantes, já estamos propriamente no processo de "sugerir", que écomo podemos chamar a esses comentários persuasivos durante ahipnose".hipnótica com Bernheim, que não consegue hipnotizar uma paciente deFreud e confessa que na sua clínica não conseguia muitos êxitos, osquais costumava ter apenas no tratamento hospitalar.Conforme conferência proferida em 1904 (VOL7, PAG 270) Freud afirmater abandonado a prática da hipnose (excepções feitas a algumasexperiências) em 1896, os motivos foram, conforme esclarecido em CincoLições (1910 - Vol. XI, pág. 24): "Mas logo a hipnose me passou adesagradar... Quando verifiquei que apesar de todos os meus esforços,não conseguia produzir o estado hipnótico senão numa parte dos meuspacientes, decidi abandonar a hipnose...".Já nos Estudos sobre a Histeria (Breuer e Freud) existem casostratados por métodos distintos, como a hipnose (que aos poucos foiabandonada, principalmente por não ser aplicada em todos ospacientes), o método da pressão (que era, segundo o próprio Freud, ummero "artifício técnico") e a simples conversa (que se viria a tornarno método de associação livre).Sobre o método da pressão podemos citar os Estudos sobre a Histeria:"Nessas circunstâncias, valho-me em primeiro lugar de um pequeno artificio"Nessas circunstâncias, valho-me em primeiro lugar de um pequenoartificio técnico. Informo o paciente que, um momento depois, fareipressão sobre sua testa, e asseguro-o que, enquanto a pressão durar,ele verá diante de si uma recordação sob a forma de um quadro, outê-la-á nos seus pensamentos sob a forma de uma ideia que lhe ocorra;peço-lhe encarecidamente que me comunique esse quadro ou ideia,quaisquer que seja. Não deve guardá-los para si se acaso achar que nãoé o que se quer, ou não são a coisa cena, nem por ser-lhe desagradáveldemais contá-lo.... Depois de dizer isso, pressiono por algunssegundos a testa do paciente deitado diante de mim; em seguida, relaxoa pressão e pergunto calmamente, como se não houvesse nenhuma hipótesede decepção: "o que é que viu?", ou "o que é que aconteceu?" Essemétodo ensinou-me muito e nunca deixou de alcançar sua finalidade.Hoje, não posso passar sem ele. Naturalmente, estou ciente de que apressão na testa poderia ser substituída por qualquer outro sinal, oupor algum outro exercício de influência física sobre o paciente, mas,já que o paciente está deitado diante de mim, pressionar a sua testaou tomar-lhe a cabeça entre as minhas mãos parece ser o modo maisconveniente de empregar a sugestão para a finalidade que tenho emvista. Ser-me-ia possível dizer,para explicar a eficácia desse artifício, que ele corresponde a uma"hipnose momentaneamente intensificada", mas o mecanismo da hipnose meé tão enigmático que eu preferiria não utilizá-lo como explicação. Soudaopinião que a vantagem do processo reside no facto de que, por meiodele, desvio a atenção do paciente da sua busca e reflexão conscientes- de tudo, em suma, em que ele possa empregar a sua vontade - do mesmomodo que isso é feito quando se olha fixamente para uma bola decristal, e assim por diante"

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